Anatomia da Júlia
Do que é composta a Júlia? Bom como todos os seres humanos, é formada por células, tecidos, órgãos, sistemas... Mas o que define quem é Júlia? Seus sentimentos, palavras, pensamentos, segredos, histórias... Minha anatomia é mais que meu físico, é minha alma; e os livros são uma parte que me compõe.
sábado, 21 de maio de 2016
quinta-feira, 25 de junho de 2015
Otelo
Resenha
novaa *-* Mais um livro clássico adaptado pela editora Scipione, Série
Reencontro, assim como o Auto do Busão do Inferno, cuja resenha está nos
arquivos daqui do blog.
O que
acontece quando o ódio e o ciúme sobrepujam o amor? O que acontece quando
a raiva nos torna tão cegos que não conseguimos enxergar uma farsa iminente?
Otelo
é um mouro que veio de Marrocos no Norte da África. Sua mãe era uma camponesa
vinda de Reino de Benin, no golfo de Guiné, e o pai um guerreiro árabe chegado
de Granada na Espanha, e ambos apaixonaram-se, resultando no nascimento do
garoto. Quando Otelo tinha oito anos seu pai morreu e passou a ser criado pela
mãe e ensinado pelo avô; ao completar quinze tornou-se soldado e marinheiro, e
depois de ser salvo por venezianos e defende-los de otomanos, conquistou a
confiança de seus salvadores e no decorrer dos anos tornou-se general na
República do leão alado. É fiel e justo, sempre altivo e conhecido como o
soberbo guerreiro mouro de Veneza, que mesmo ferido nunca abandonou uma
batalha, e que invariavelmente sai vitorioso de todas elas. Desdêmona por sua
vez é uma jovem linda e educada, filha do riquíssimo senador Brabâncio e prima
de Cássio, o novo tenente de Otelo. O general é o grande amor de sua vida,
muitos anos mais velho, mas isso não impediu que fugisse de casa para casar-se
com ele. Iago é alferes de Otelo; um homem vingativo e manipulador que,
frustrado por não ter sido nomeado seu primeiro tenente (cargo que foi entregue
a Cássio), resolve vingar-se do general. Já Cássio é filho de um banqueiro
rico, jovem florentino versado em línguas e diplomado em matemática, primo de
Desdêmona e o mais novo tenente de Otelo.
Outros
personagens se fazem presentes: Mercúrio, que estava presente na reunião do
Conselho; as ilhotas Bianca, Cordélia e Lavínia; o capitão Montano; o doge e
também os servos de Otelo; mas a obra gira em torno desses quatro personagens
primeiramente citados. Quando todos estão em Chipre, uma ilha que já foi
dominada por muçulmanos, ingleses, franceses, e agora pertencia ao veneziano;
Iago começa a plantar no coração leal, bondoso e apaixonado do bravo general,
sementes de desconfiança sobre sua mulher, por mais que sua própria esposa,
Emília, tente impedir as maldades do marido. Iago leva Otelo a acreditar que
está sendo traído por Desdêmona, e que esta mantém relações com Cássio. No
decorrer de menos de uma semana, Iago joga duplamente: ora ao lado de Cássio
incentivando-o a cobrar de volta seu posto, do qual foi destituído após uma
contenda provocada pelo próprio Iago; ora ao lado de Otelo, jogando-o contra
seu primeiro tenente e fazendo com que o ódio e o ciúme se alojem dentro do general.
Otelo que sempre foi tão confiante começa a duvidar do amor devoto que sua
esposa nutre por ele e se incomoda com a conhecida fama de Cássio: “Dizem que
foi feito sobre encomenda para tornar as mulheres infiéis”, com seus cabelos
castanhos e o olhar atraente. Iago então engana seu superior e os resultados
dessa farsa, assim como da loucura de Otelo, são desastrosos como a maioria das
obras shakespearianas.
quarta-feira, 20 de maio de 2015
Humanismo - o contexto de Auto da barca do inferno
Humanismo, o contexto histórico
de auto da barca do inferno.
Nessa segunda escola literária da
Era Medieval, a sociedade estava numa transferência da Idade média para a Idade
Moderna e coisas estavam acontecendo. Dento do contexto histórico haviam as
grandes navegações portuguesas e de outras potências, em busca de riquezas e
outros lugares. Havia a nova classe social, a burguesia, e a busca por enriquecimento
dos nobres, por meio de territórios e especarias, que fortaleceriam o império
português em expansão. Os reinos se formaram através do comércio. O feudalismo
estava em decadência. O teocentrismo tão defendido pela igreja Católica estava
dando margem ao antropocentrismo. Foi criada a imprensa; entre muitos outros
pontos. Dentro do contexto literário, os nobres começaram a se preocupar com
registros históricos, o que no Trovadorismo não era algo tão importante, e
Fernão Lopes é nomeado guarda mor da Torre de Tombo, onde ele passava seu tempo
registrando os feitos da nobreza e a história de Portugal em crônicas. Além
dessa nova forma de escrita, há uma separação entre poesia e música e os versos
ganham um toque de sensualidade e crítica. Vem o teatro no qual se destaca a
figura de Gil Vicente. Falando mais sobre esses gêneros literários:
Crônicas: Nobres buscam registros
de seus feitos e conquistam e contratam cronistas, como o citado Fernão Lopes,
para escrevê-los. Esse tipo de crônica era claro, simples, demonstrativo e com
bom domínio da língua. Os escritos dele se destacaram porque ele não registrava
só coisas sobre o rei, ele falava de toda a sociedade, como um repórter de sua
época. Falava sobre fatores econômicos e a participação do povo na história de
Portugal, o que o fazia além de escritor, um historiador.
Poesia palaciana: As poesias no
século XV não eram mais acompanhadas por música como antes, e se chama
palaciana, pois revela os costumes e sentimentos dos nobres que viviam nos palácios.
Nesses poemas nota-se a sensualidade e a manifestação dos desejos materiais. A
produção de poesias palacianas foi reunida num livro chamado Cancioneiro geral,
organizado por Garcia de Resende, que copilou, copiou essas poesias.
Teatro: Durante a Idade Média ele
já existia na forma de representações teatrais religiosas nas festas cristãs,
como no Natal, na Páscoa, procissões, etc.; representações teatrais que
contavam a vida dos santos; encenações chamadas de profanas porque eram feitas
fora da igreja e com intuito de passar mensagens morais e não religiosas;
imitações cômicas que ridicularizavam pessoas ou acontecidos; e ainda
encenações carnavalescas variadas. Chega então Gil Vicente, cujos textos tinham
a intenção de divertir e criticar de forma subtendida, e cujas peças eram
apresentadas para os nobres no palácio, para entretê-los. Entretanto, suas peças continuam no estilo medieval, o tipo de teatro popular, não aderindo em relação à sua estrutura ao que é proposto pelo Renascimento. Elas geralmente eram
subdivididas em:
·
Farsas: eram peças cômicas que critica alguém e
prega a moral. Exemplos: Farsa da boa
preguiça; Farsa de Inês Pereira.
·
Autos: eram peças de fundo religioso e prega os
bons costumes. Exemplos: Auto da Visitação
(ou Monólogo do Vaqueiro); Auto da barca do inferno; Auto da compadecida.
terça-feira, 19 de maio de 2015
Biografia - Isaac Newton
Isaac Newton viveu entre 1643 e 1727, nascido na cidade de
Londres em quatro de janeiro de 1643 (mesmo ano em eu morreu Galileu Galilei),
fazendo parte de uma família de agricultores e cujo pai morreu antes dele
nascer. Sua mãe Hannah Ayscough Newton
se casou novamente e foi
embora quando ele tinha três anos, então ele passou a ser criado pela avó, Margery Ayscough. Ele era cientista, químico, físico,
mecânico e matemático. Isaac se mudou para a cidade Grantham para estudar na
King’s School, e depois frequentou a faculdade de Trinity College, na Universidade
de Cambridge. Em 1661 foi para Cambridge onde estudou as filosofias de
Aristóteles, Descartes, Gassendi, Boyle, Viète, Wallis, Copérnico, Galileu
(seus estudos de astronomia) e Kepler. Era
por volta de 1665 quando começou a se aprofundar na física, na matemática e
astronomia. Em 1669, aos vinte e sete anos foi nomeado substituto de Isaac
Barrow como professor na Lucasiana de Matemática em Cambridge. Em 1672
elegeram-no membro da Sociedade Real quando ele doou um telescópio refletor e
ainda nesse ano publicou um de seus importantes trabalhos, esse sobre luz e
cor. Em janeiro de 1689, foi eleito para representar sua universidade
na convenção parlamentar.
Porém em 1693 sofreu de um
colapso nervoso e teve que abandonar suas pesquisas e se dedicar a uma posição
no governo de Londres, primeiro como guardião da moeda real em 1696 e depois
como mestre em 1699. Em 1703 ele
foi eleito presidente da Sociedade Real, que frequentava desde 1672 com os maiores
pensadores da época, além de ser sócio correspondente da Academia Francesa de Ciências.
A parte mais
significativa de sua vida foi entre 1665 e 1687. Durante sua vida descobriu
várias leis da física e entre elas a lei da gravidade, além de ser um dos
percursores do Iluminismo. Suas obras mais importantes foram o desenvolvimento
das primeiras ideias sobre a gravidade; um estudo sobre fenômenos óticos que
possibilitaram estudar e elaborar a teoria da cor dos corpos; um telescópio
refrator acima dos que eram feitos na sua época; o que conhecemos como Binômio
de Newton; um estudo sobre cálculo integral e diferencial; e a lei dos movimentos,
cujas bases eram a Mecânica.
Isso sobre a gravidade teria
acontecido em 1665 no período em que a Universidade
de Cambridge na Europa, teve que fechar
devido ao alastramento de uma peste bubônica. Conta-se que ele estava sentado
sobre uma macieira na fazendo onde vivia, quando uma maçã caiu sobre sua
cabeça. Isso teria levado Newton a pensar no por que dos corpos caírem para
baixo e depois de muitos estudos e pesquisas ele concluiu que é porque a Terra
possui uma força que atrai esses objetos. De modo mais geral concluiu que todos
os corpos com massa atraem outros corpos com massa, e isso explicaria porque
andamos junto a Terra e não flutuando pelo ar. No ano de 1666 ele realizou
experiências com um prisma de vidro para estudar a luz e o fenômeno das cores.
Acreditava-se naquela época que as cores eram um efeito de superfície, mas ele
percebeu que na verdade elas eram um resultado da decomposição da luz quando
ela passa de um meio para outro, com diferenças de refração. Concluiu isso
quando incidiu luz branca num prisma de vidro polido e do outro lado ela
refratou em várias cores, o que ele chamou de espectro.
Em 1669 desenvolveu o cálculo diferencial e integral, com o qual é possível calcular a área e volume de qualquer figura geométrica. Antes, em 1668, Isaac montou um telescópio refrator (como o que doou em 1672 e o fez ser eleito membro da Sociedade Real) para resolver problemas de outros telescópios refratores. Assim ele colocou na parte inferior do tubo do telescópio um espelho côncavo e a quarenta e cinco graus dele um espelho plano. Esse telescópio de quinze centímetros ficou conhecido como Telescópio Newtoniano, e criava imagens nove vezes maiores que os telescópios refratores da época; ou seja sua objetiva era um espelho e não uma lente. No mesmo ano apresenta estudos sobre a propagação da luz. Além disso, em seus estudos matemáticos, ele deu origem à outra descoberta: o binômio de Newton, que pertence ao teorema binominal. Nessa teoria ele defendeu que um binômio elevado ao quadrado é igual ao quadrado do primeiro monômio mais duas vezes o primeiro multiplicado pelo segundo monômio e somado ao quadrado do segundo; ou seja: (a+b)² = a2 + 2ab + b2.
Em 1687, estimulado por Edmund Halley, publicou em três volumes a obra Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (Princípios Matemáticos da Filosofia Natural),
conhecido como Principia, onde ele apresenta a teoria do movimento dos
corpos, e suas três leis físicas. Newton escreveu três leis: a lei
da inércia, a lei da força, e a lei de ação e reação. A primeira diz que na
ausência de forças externas sobre um corpo em repouso, ele permanece em
repouso, e um objeto em movimento permanece em movimento retilíneo e constante;
e essa resistência de um corpo à mudança é chamada de inércia. Sua lei sobre a
força relaciona a velocidade de um objeto com a força que se aplica sobre ele,
que diz que a força aplicada sobre um objeto é igual a massa desse objeto
multiplicada pela aceleração que essa força causa no corpo. A lei de reação e
reação é simplesmente que quando um corpo exerce uma força sobre um objeto esse
objeto também exerce uma força sobre o corpo, igual e contrária. Ou seja: na
primeira diz que os corpos tendem a ficar parados ou manter sua velocidade
atual; na segunda que se a velocidade muda é porque há uma força em ação; e a
terceira que um corpo que exerce força sobre outro sofre a mesma força, em
sentido contrário a que fez.
Isaac Newton morreu no dia 20 de
março de 1727, em Londres, aos 85 anos, o que era uma idade elevada para os padrões
da época; por causas naturais ou por complicações devido a um cálculo renal.
Sua morte teve direito a elogio fúnebre oficial
pronunciado pelo secretário da Academia e seu corpo foi sepultado no Panteão de
Londres, junto aos reis de Inglaterra, na Abadia de Westminster.
sábado, 2 de maio de 2015
Biografia - Gil Vicente
No século XV o teatro de Portugal ganhou um novo rumo a partir da aparição de Gil Vicente. Lembremos que naquela época estávamos numa transição entre duas escolas clássicas: o Trovadorismo ( sobre o qual tem um post mais antigo) e o Humanismo (sobe o qual ainda vou postar), e suas obras mostravam os traços do novo estilo literário (além das crônicas e poesias palacianas que também eram muito escritas). Antes dele o teatro existia na forma de representações religiosas, profanas, carnavalescas e imitações cômicas. Gil Vicente é considerado o rei do teatro português, pois antes os textos escritos não eram feitos com intenção humorística como os seus. Foram ao todo quarenta e quatro peças escritas e interpretadas ao longo de trinta e quatro anos. Nascido no século quinze, mas sem uma confirmação exata de datas ou de sua vida em si, o que se sabe é que foi no reinado de D. Afonso, e passou pelos reinados de D. João II, D. Manuel I, e D. João III. Presenciou fatos importantes para seu país naquela época como as grades navegações e o enriquecimento da nobreza, e registrava tudo como um repórter de sua época. Sua primeira obra de destaque foi o Auto da Visitação, popularmente conhecido como Monólogo do Vaqueiro (1502), escrita em homenagem ao nascimento do príncipe D. João e a ultima peça é a Floresta dos enganos (1536). Ele organizava as festas palacianas para entretenimento da corte e nelas, ele fazia críticas à todos os tipos da sociedade usando o humor como seu escudo. Ele fazia o público rir, como se aquilo não dissesse respeito à todos eles, enquanto na verdade ele falava tudo aquilo com o que discordava e achava errado. Escrevia autos (peças de fundo religioso) e farsas (peças cômicas, mas com críticas morais subtendidas). As suas obras são encenadas até hoje porque seus personagens ainda se identificam com as pessoas da nossa sociedade atual.
Sua obra mais popular é o Auto da Barca do Inferno, cujo próprio nome indica se tratar de algo ligado às crenças da época, além de ser composta por um único ato. Cada parte da peça se inicia com a chegada de uma nova alma até a praia onde estão as barcas, uma do céu com um anjo dentro, e outra do inferno, com dois diabos. Cada um se apresenta e é julgado. Eles chegam com objetos de valor em suas vidas e esses servem para ressaltar qual o "defeito" daquele tipo social. São eles:
Um fidalgo - a nobreza, soberbo, um
homem muito rico que nunca trabalhou. Acha-se no direito de ir para o céu por
vir de uma família rica e sua alma chega à praia junto com a do parvo, que é
seu empregado. Ele não teve tempo de se prepara para a morte, portanto por mais
que tente convencer os diabos vai par ao inferno.
Um onzeneiro - agiota ou ainda
banqueiro, representa a ganância. Ele dava golpes e ganhava em cima dos mais
fracos cobrando juros exorbitantes, e assim ganhava a vida arruinando a vida
dos pobres. Ele também tenta barganhar, mas ao ser julgado vai para o inferno.
Um corregedor- ou juiz, que julga
corruptamente, faz a “justiça” de acordo com as condições (dinheiro)
oferecidas. Exatamente pro representar a justiça entre os homens, se acha no
direito de receber a justiça divina, mas o que recebe é sua ida na barca do
inferno.
Um frade, ou padre, que chega com uma
moça - clero, não respeita os dogmas da Igreja. Ele chega acompanhado de uma
bela mulher, o que é errado para à igreja, pois um padre deve se conservar; e
gosta de festejar e lutar com espadas , tanto que chega com uma delas na praia.
Por ser autoridade espiritual na terra se acha no direito de ir para o céu, mas
é julgado ao inferno.
Uma alcoviteira - chamada Brísida,
que explora a prostituição. Basicamente uma cafetina que arranja encontros e
relacionamentos para os bispos da Sé. Ela chega com uma bolsa cheia de
pertences e entre eles há encantos para atrair homens e himens postiços, pois
acreditava-se que as mulheres virgens “valiam mais”. Ela é julgada e vai pro
inferno.
Um parvo - ou tolo, é um dos que vai
pro céu. É empregado do fidalgo que se aproveita dele. Por ser tolo ele não tem
consciência das atitudes que toma e depois de ficar vagando pela praia, ele
acaba por ir para o céu.
Um sapateiro - trabalho manual,
comerciante avarento que não empresta dinheiro a ninguém. Ele é julgado e vai
pro inferno também.
Um judeu - apegado ao dinheiro,
e julgado porém não condenado, por ser de outra religião. Ele chega com um
bode, o que tanto pode representar a avareza como um símbolo demoníaco, cujo
canto representa a tragédia. Os judeus eram vistos, já naqueles séculos, como estelionatários
e ricos. Chega com ouro e tenta barganhar a ida ao céu, mas por não ser cristão
e sim de outra crença ele é condenado ao inferno, mas não vai a lugar algum e
permanece a praia.
Um enforcado - que acredita já ter
pagado por seus pecados morrendo aqui na Terra e que por isso merece ir ao céu.
Há explicações em que ele é um criminoso que pagou por seus atos aqui, mas
outras dizem que ele se suicidou por enforcamento e que representa os suicidas.
Como tirar a própria vida é um pecado diante da Igreja Católica, pois ninguém
deve decidir quem vive e quem morre, ele vai pro inferno também.
Quatro cavaleiros - que lutaram nas
cruzadas e são os únicos personagens dignos, segundo Vicente, de ir para o céu.
Eles morreram lutando nas cruzadas contra os muçulmanos, defendendo sua fé nas
guerras santas, o que os faz merecer ir ao céu, pois lutavam em nome de Deus.
Após o parvo, eles embarcam na barca do céu.
Todos tentam provar que merecem a salvação, mas no fim apenas os cavaleiros e o parvo acabam indo para o céu ( esse último porque sendo tolo, não responde pelas besteiras que faz). Os cavaleiros entram na barca do céu pois estavam lutado contra os muçulmanos e assim defendendo os valores e princípios cristãos quando foram mortos. Vale notar que Gil Vicente era católico, então ele criticava as pessoas, mas sempre respeitava os dogmas religiosos. Auto do Busão do Inferno
Resenha
novaa. Amei esse livro para leitura do 2° Bimestre na escola, me envolvi com os
personagens <3
Lola
é uma mulher baixinha, de cabelos pretos curtos, olhos escuros de longos
cílios, e que aparenta ter bem menos do que seus vinte e três ou vinte e quatro
anos, o que às vezes faz com que as pessoas que não a conheçam a julguem menos
experiente do que realmente é. Decidida, ela sabe o que quer para sua vida e
defende aquilo em que acredita, que no caso seria que a base do ensino é um
dialogo franco entre aluno e professor, e a participação ativa dos alunos em
atividades que os façam enxergar o mundo que os cerca e a literatura de novas
maneiras. Em sua primeira experiência num colégio, passou por uma grande
decepção ao lecionar no Ensinar Aprendendo, onde a diretora, dona Matilde, era
insensível e não aceitava os métodos de ensino de Lola. Também enfrentou o
doloroso término de um longo namoro com Arthur, com quem estudava na USP, e que
não entendia a dedicação intensa da namorada com sua profissão. Em meio a tudo
isso ela tem que encarar o convívio com colegas de trabalho complicados, e a
terrível e temida sala do 1°A, no colégio São Gonçalo, onde ela espera aplicar
aquilo que planejava e ser uma boa professora.
Luís
Alberto também conhecido como Tato ou Poste por seus colegas, devido à sua alta
estatura que faz o garoto moreno parecer desengonçado. A falta de convívio com
os pais, o senhor Jaime que é viciado em trabalho e coloca sua carreia acima da
família e do relacionamento com o filho; e Débora, a mãe que ama o filho, mas
que depois de voltar ao trabalho e estudos para aumentar a autoestima tornou-se
mais ausente; ainda mais após a separação de ambos, faz com que o garoto se
feche num mundo próprio e em seus sentimentos complexos. Desconta sua sensação
de abandono e rejeição em sua criatividade desenfreada e em sua rebeldia e
comportamento irreverente. Um líder natural, se tornou o bagunceiro da classe,
comandando a famosa “turma do fundão”. Mas pro trás do garoto perturbado há um
sensível poeta, que descobriu sua paixão por livros de aventura e versos,
inclusive um de Fernando Pessoa que descreve tão bem a tristeza dentro dele...
O
que acontece quando Lola e Tato se encontram? No começo as coisas são mais
complicadas, mas a esperta professora logo reconhece no garoto um talento e
inteligência brilhantes. Quando traz para a sala de aula um projeto sobre o
grande autor Gil Vicente, falando um pouco sobre a vida e a influência do autor
português para a classe; Lola descobre um meio de se aproximar do menino e
fazê-lo se abrir e, quem sabe, converter sua rebeldia e criatividade para
elaborar um trabalho surpreendente. Entre alguns acidentes de percurso, vemos
os personagens amadurecendo e o resultado do trabalho dos dois é apresentado
numa paródia da obra Alto da barca do inferno, que nos leva ao cômico e crítico
Auto do Busão do Inferno.
sábado, 25 de abril de 2015
Crônica Literária - O menino do outro lado da cerca
Oi gente!! Resolvi postar algumas histórias de minha autoria e prefiro começar pela crônica que fiz baseada no livro O menino do pijama listrado. É uma versão com final alternativo onde meu coração não é completamente partido :´( Espero que gostem
O menino do outro lado da cerca
O menino do outro lado da cerca
Conheci meu amigo Bruno num dia em que estava sentado perto da grande cerca, com as pernas cruzadas e olhando para o chão. Ouvi um barulho estranho e percebi que alguém se aproximava. Não era outro soldado e sim um menino, aparentemente da minha idade, um pouco mais alto que eu e obviamente mais gordo. Ele não usava roupas listradas como as minhas, e nem como as que os soldados costumavam usar. Era uma camisa normal e uma bermuda. Ele também não usava uma braçadeira com uma estrela como eu. Usava sapatos ao contrário de mim. Ele me disse “olá”, ao que eu respondi. Como me disse mais tarde ele se chamava Bruno, e disse a ele que me chamava Shmuel.
Começamos a conversar e descobri que Bruno nasceu no mesmo dia do mesmo mês e mesmo ano que eu, portanto tínhamos a mesma idade. Ele começou a me falar sobre sua antiga casa em Berlim e sobre como gostava de explorar. Eu nunca tinha explorado. Eu não podia sair dali, e não achava uma boa ideia que ele viesse par meu lado. Bruno combinou comigo que viria ali me ver todos os dias para conversarmos. Cumprindo com sua palavra Bruno começou a vir todos os dias, no mesmo horário sem atrasos, após suas aulas. Contou que havia se mudado para cá porque o Fúria tinha grandes planos para o pai dele. Que uma vez o Fúria foi jantar em sua casa, com sua mulher Eva, uma semana antes da mudança. Que pai dele tinha um escritório em que era Proibido Entrar em Todos os Momentos Sem Exceção. E que seu pai era comandante. Nunca entendi como Bruno podia ser um menino tão gentil enquanto seu pai era bruto e agressivo.
Ele me falou sobre a avó, mãe de seu pai, que apresentava peças de teatro com ele e sua irmã, Gretel acho, todos os natais. Sobre Gretel que tinha três amigas que o importunavam, e de sua obsessão por arrumar suas bonecas nas prateleiras. Sobre Pavel, seu servente, que era “assim como você”. Sobre como ele o ajudou quando caiu do balanço. Sobre sua empregada Maria e sobre seus amigos, Karl, Martin e Daniel, que ele considerava seus melhores amigos para a vida toda. Sobre as bancas de legumes e frutas que ficavam pelas ruas e sobre as pessoas que conversavam e riam. Sobre os cinco andares de sua antiga casa, e não três como a atual, e que ele escorregava pelo corrimão.
Contei sobre mim também. Sobre a minha casa, onde morava com minha mãe, meu pai e meu irmão, Josef, em cima da loja onde meu pai fazia seus relógios e consertava outros. Sobre a minha mãe, que era professora, e sabia falar italiano, inglês, polonês, alemão e até francês. Sobre como cheguei ali, quando fomos enfurnados em onze pessoas, dentro de um único quatro. Sobre o trem e sobre o campo. A melhor coisa nas visitas de Bruno, além de sua companhia é claro, é que ele sempre trazia comida. Não era muito, mas era melhor do que nada, com certeza melhor do que a comida que eu recebia. Certa vez, fui à casa de Bruno. Foi o tenente Khotler quem me levou lá dizendo que tinha um trabalho para mim. Eu deveria lustrar as taças que seriam usadas no jantar de aniversário de seu pai. Naquele dia Bruno me deu um pouco de galinha. Ele queria mostrar seu quarto, mas eu não ousaria sair daquela cadeira. Quando o tenente nos viu conversando, ele negou que me conhecia, e tivemos uma “conversa” sobre roubo pouco depois. Fiquei uma semana sem vê-lo, mas depois voltamos a nos falar.
Meu avô e meu pai sumiram. Nunca mais vi os dois. Passei dias procurando por eles. Certa vez conheci um menino chamado Giosué, que veio para cá com o pai e a mãe. Ele tinha mais ou menos a mesma idade que eu e Bruno tínhamos. Ele não era da Polônia como eu e nem de Berlim como Bruno, e sim da Itália. Disse que sua mãe ficara em casa e que eles foram trazidos por soldados assim como eu. Que não gostava de banho e às vezes passava os dias escondido no beliche de seu quarto. Acho que ele era meio maluco porque falava sobre um jogo, do qual estava participando, e que no fim, quando marcasse mil pontos, levaria um tanque de verdade para casa. Não comentei sobre ele com Bruno.
Então um ano depois ele me disse que iria embora. Voltaria para Berlim com sua mãe e Gretel. Ele foi para lá meses antes, quando sua avó morreu. Queríamos nos despedir e ele teve uma ideia. Combinamos que no dia seguinte ele viria até nosso local de encontro, pegaria comigo roupas listradas iguais as minhas e entraria por debaixo da cerca. Assim fizemos. Senti vontade de abraça-lo e agradecer por tudo que fizera, mas não o fiz. Procuramos por meu pai durante uma hora e meia e então começou a chover. Chovia muito forte e ele queria voltar para casa. Concordei, mas quando tentamos ir em direção à cerca fomos barrados por uma multidão que marchava ao comando de soldados. Ficamos exprimidos no meio daquele monte de gente até nos depararmos com uma escadaria. Subimos e fomos parar numa grande sala. Aquilo não parecia bom, pois eu me lembrava que quando as pessoas entravam ali, eu nunca mais as via sair. As luzes se apagaram e as portas foram trancadas. Senti medo, terror. Todos respiraram fundo. Fechei os olhos, ia começar a chorar. Bruno apertou minha mão e disse que eu era seu melhor amigo. Quando eu ia responder aconteceu uma coisa:
Um berro foi ouvido do lado de fora. Era um homem. Eu conhecia aquela voz. Ao ouvi-la Bruno sobressaltou-se. “Pai!”, ele começou a gritar, “Pai! Me tira daqui!”. O homem começou a esmurrar a porta e deu um comando a um soldado para que a abrisse. Ele berrava “Bruno! Meu filho, você está ai?”. Bruno começou a empurrar as pessoas a sua frente, tentando sair. Em momento algum ele soltou minha mão. Continuamos empurrando e cotovelando até ver a luz que vinha de fora da sala. Parado na frente do portão entre aberto estava o comandante, pai de Bruno. Ao vê-lo ele soltou minha mão e correu até o pai, que o abraçou. Ambos começaram chorar. Então senti que alguém me puxava. Era um soldado me forçando a entrar. Me agarrei ao portão e comecei a berrar. “Bruno!”, gritei. Ele se virou e seu pai ficou sério. Deu um comando que fez com que me soltassem. Bruno correu até mim e inesperadamente me abraçou. Também o abracei. Comecei a chorar. Seu pai nos olhava atordoado, não, horrorizado. Bruno me soltou e seguiu o pai até um local coberto. Sem fazer perguntas os segui.
Chegando numa outra sala o comandante começou a gritar. Berrou e bronqueou o filho até cansar. Depois o abraçou novamente esquecendo que eu estava ali. Quando notou mina presença soltou o filho. E perguntou como eu sabia seu nome, e pra primeiro e conversa, como fora parar ali. E Bruno contou. Permaneci mudo. Então ele disse: “Entenda Bruno: vocês jamais deveriam ter se conhecido, você nunca deveria ter entrado aqui!”. Bruno disse que entendia. Então o comandante me olhou. Baixei a cabeça. Ele foi até um soldado e deu a ele algumas instruções. Veio até mim e disse para que não me preocupasse. Então chamou seu filho, dizendo que deveriam sair dali imediatamente. Antes de ir Bruno parou na minha frente. Me abraçou e repetiu: “Você é meu melhor amigo, da vida toda.” “Para mim também”, eu disse. Então ele foi embora.
Continuei ali no campo durante vários meses, até que em meio ao completo caos, chegaram os norte americanos. Eles libertaram os prisioneiros que tinham sobrevivido ao campo e nos mandou para casa. De todos os milhares de judeus que foram para lá comigo nem metade chegou a sair. Soube que Giosué também saíra do campo, mas apenas com sua mãe. E quanto a Bruno, ao completar vinte anos resolvi que iria procurá-lo. Não sei bem meus motivos, mas creio que foi pelo fato de ele ser meu único amigo. E não foi difícil: numa biblioteca de Berlim encontrei uma manchete, num jornal antigo que falava sobre meu amigo. Bruno estava num trem voltando para sua cidade quando foi detido por soldados americanos. Eles mataram os nazistas que ali estavam além de civis que os acompanhavam. E Bruno foi um deles. Fiz uma lápide simbólica em sua homenagem e nela estava escrito: "Bruno, meu melhor amigo pra vida toda".
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