quinta-feira, 2 de abril de 2015

Trovadorismo - o contexto de Tristão e Isolda

A história da última resenha se passa no contexto do Trovadorismo. O que é? Como se define e se divide? Muito bem, nessa postagem vou falar um pouco das características desse gênero literário.


Trovadorismo é o primeiro período da literatura portuguesa. Conjunto das manifestações literárias contemporâneas à primeira dinastia portuguesa. Nos remete à poesia lírica contada pelos trovadores, os poetas da época, que cantavam e contavam oralmente suas cantigas. Se dá entre a Idade Média Clássica e a Baixa Idade Média. Época em que o feudalismo (sistema de feudos) estava em declínio, mas se refletia na literatura. A corte dos reis e dos senhores feudais eram os alvos dos poetas da época. Eles reconquistaram o território tomado pelos árabes e a nobreza conserva o espirito guerreiro, se interessando pelas novelas de cavalaria. A religião e a crença no teocentrismo se refletem nessas novelas e nas poesias temáticas.

Poesia no Trovadorismo:

Nossa concepção de poesia é algo escrito, destinado a ser lido de maneira solitária e silenciosa. Já para os trovadores era diferente. Era uma poesia cantada, de onde vem o nome de cantiga, dado as poesias da época; acompanhada por um coro e instrumentos musicais, e um público de diversos ouvintes. Os temas principais eram a corte e sofrimento amoroso, e havia repetição de palavras, versos e estrofes inteiras, ajudando a dar ritmo e serem memorizadas. Três volumes chamados cancioneiros, contêm 1680 cantigas que foram escritas, no fim do século dezoito. Os trovadores eram os autores das cantigas, e cantavam para reis e nobres sem remuneração (pagamento) em troca de seu trabalho.  Eram em geral nobres e cultos, e suas cantigas eram interpretadas por um menestrel ou jogral. As cantigas se classificam nos gêneros: lírico e satírico, cujas subdivisões são de amigo e amor, de escárnio e maldizer.

As cantigas do gênero lírico são aquelas que possuem lirismo, isso é, falam sobre sentimentos, sobre o que se passa com o eu lírico. São as de amigo e de amor.

Cantigas de amigo: Voz lírica feminina, narradas por mulheres. A narradora, não é autora, pois os autores eram sempre homens, mas o eu lírico é feminino. Reflete a vida no campo e na cidade, suas diferenças e problemas. O namorado é chamado de amigo (dai cantigas de amigo, na verdade o “amigo” é um amante ou namorado, mas não se diz explicitamente). A trama se desenvolve em fatos comuns da vida cotidiana, no qual a narradora sofre por um amor realizado ou esperado. Os textos são simples, e possuem paralelismo (estrutura repetitiva) e refrãos. Sua origem é popular e própria da Península Ibérica.

Cantigas de amor: Voz lírica masculina, sempre narrada por homens. Reflete a vida nos palácios, por pessoas cultas e nobres, num estilo aristocrático. Há as convenções do amor cortês (as formas do amor platônico), que se dividem em idealização (onde eles louvam a mulher perfeita); a vassalagem amorosa (um amor impossível entre o vassalo o sua senhora, hierarquia presente no feudalismo, época em que se narram as cantigas); e a coita (o sofrimento causado por amor incorrespondido, platônico; quase o único tema das cantigas de amor). As cantigas de amor se originam na Provença, região sul da França, onde se irradiou a poesia trovadoresca.

As cantigas de gênero satírico são as que fazem críticas, ou seja, sátiras, de forma direta e indireta. São as de escárnio e de maldizer.

Cantiga de escárnio: Possuem linguagem simples e indireta. O trovador usa essas cantigas para fazer uma estatística irônica (com duplos sentidos) de algo ou alguém em particular; escreve uma crítica indireta a alguém usando trocadilhos e ambiguidades, para que o remetente não perceba.

Cantiga de maldizer: São criticas diretas do trovador, que possuem xingamentos e nas quais se menciona o nome da pessoa a quem se dirige. Não possuem duplos sentidos, porque sua intenção é que o remetente capte a mensagem direcionada a ele. Uso de agressão verbal, para atingir a pessoa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário