Trovadorismo é o primeiro período da literatura portuguesa.
Conjunto das manifestações literárias contemporâneas à primeira dinastia
portuguesa. Nos remete à poesia lírica contada pelos trovadores, os poetas da
época, que cantavam e contavam oralmente suas cantigas. Se dá entre a Idade
Média Clássica e a Baixa Idade Média. Época em que o feudalismo (sistema de
feudos) estava em declínio, mas se refletia na literatura. A corte dos reis e
dos senhores feudais eram os alvos dos poetas da época. Eles reconquistaram o
território tomado pelos árabes e a nobreza conserva o espirito guerreiro, se
interessando pelas novelas de cavalaria. A religião e a crença no teocentrismo
se refletem nessas novelas e nas poesias temáticas.
Poesia no Trovadorismo:
Nossa concepção de poesia é algo escrito, destinado a ser
lido de maneira solitária e silenciosa. Já para os trovadores era diferente.
Era uma poesia cantada, de onde vem o nome de cantiga, dado as poesias da
época; acompanhada por um coro e instrumentos musicais, e um público de
diversos ouvintes. Os temas principais eram a corte e sofrimento amoroso, e
havia repetição de palavras, versos e estrofes inteiras, ajudando a dar ritmo e
serem memorizadas. Três volumes chamados cancioneiros, contêm 1680 cantigas que
foram escritas, no fim do século dezoito. Os trovadores eram os autores das
cantigas, e cantavam para reis e nobres sem remuneração (pagamento) em troca de
seu trabalho. Eram em geral nobres e
cultos, e suas cantigas eram interpretadas por um menestrel ou jogral. As
cantigas se classificam nos gêneros: lírico e satírico, cujas subdivisões são
de amigo e amor, de escárnio e maldizer.
As cantigas do gênero lírico são aquelas que possuem lirismo,
isso é, falam sobre sentimentos, sobre o que se passa com o eu lírico. São as
de amigo e de amor.
Cantigas de amigo: Voz lírica feminina, narradas por
mulheres. A narradora, não é autora, pois os autores eram sempre homens, mas o
eu lírico é feminino. Reflete a vida no campo e na cidade, suas diferenças e
problemas. O namorado é chamado de amigo (dai cantigas de amigo, na verdade o
“amigo” é um amante ou namorado, mas não se diz explicitamente). A trama se
desenvolve em fatos comuns da vida cotidiana, no qual a narradora sofre por um
amor realizado ou esperado. Os textos são simples, e possuem paralelismo
(estrutura repetitiva) e refrãos. Sua origem é popular e própria da Península
Ibérica.
Cantigas de amor: Voz lírica masculina, sempre narrada
por homens. Reflete a vida nos palácios, por pessoas cultas e nobres, num
estilo aristocrático. Há as convenções do amor cortês (as formas do amor
platônico), que se dividem em idealização (onde eles louvam a mulher perfeita);
a vassalagem amorosa (um amor impossível entre o vassalo o sua senhora,
hierarquia presente no feudalismo, época em que se narram as cantigas); e a
coita (o sofrimento causado por amor incorrespondido, platônico; quase o único
tema das cantigas de amor). As cantigas de amor se originam na Provença, região
sul da França, onde se irradiou a poesia trovadoresca.
As cantigas de gênero satírico são as que fazem críticas, ou
seja, sátiras, de forma direta e indireta. São as de escárnio e de maldizer.
Cantiga de escárnio: Possuem linguagem simples e indireta. O trovador usa essas cantigas para
fazer uma estatística irônica (com duplos sentidos) de algo ou alguém em
particular; escreve uma crítica indireta a alguém usando trocadilhos e ambiguidades,
para que o remetente não perceba.
Cantiga de maldizer: São criticas diretas do trovador,
que possuem xingamentos e nas quais se menciona o nome da pessoa a quem se
dirige. Não possuem duplos sentidos, porque sua intenção é que o remetente
capte a mensagem direcionada a ele. Uso de agressão verbal, para atingir a
pessoa.
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