sábado, 25 de abril de 2015

Crônica Literária - O menino do outro lado da cerca

Oi gente!! Resolvi postar algumas histórias de minha autoria e prefiro começar pela crônica que fiz baseada no livro O menino do pijama listrado. É uma versão com final alternativo onde meu coração não é completamente partido :´( Espero que gostem

O menino do outro lado da cerca
Conheci meu amigo Bruno num dia em que estava sentado perto da grande cerca, com as pernas cruzadas e olhando para o chão. Ouvi um barulho estranho e percebi que alguém se aproximava. Não era outro soldado e sim um menino, aparentemente da minha idade, um pouco mais alto que eu e obviamente mais gordo. Ele não usava roupas listradas como as minhas, e nem como as que os soldados costumavam usar. Era uma camisa normal e uma bermuda. Ele também não usava uma braçadeira com uma estrela como eu. Usava sapatos ao contrário de mim. Ele me disse “olá”, ao que eu respondi. Como me disse mais tarde ele se chamava Bruno, e disse a ele que me chamava Shmuel.
Começamos a conversar e descobri que Bruno nasceu no mesmo dia do mesmo mês e mesmo ano que eu, portanto tínhamos a mesma idade. Ele começou a me falar sobre sua antiga casa em Berlim e sobre como gostava de explorar. Eu nunca tinha explorado. Eu não podia sair dali, e não achava uma boa ideia que ele viesse par meu lado. Bruno combinou comigo que viria ali me ver todos os dias para conversarmos. Cumprindo com sua palavra Bruno começou a vir todos os dias, no mesmo horário sem atrasos, após suas aulas. Contou que havia se mudado para cá porque o Fúria tinha grandes planos para o pai dele. Que uma vez o Fúria foi jantar em sua casa, com sua mulher Eva, uma semana antes da mudança. Que pai dele tinha um escritório em que era Proibido Entrar em Todos os Momentos Sem Exceção. E que seu pai era comandante. Nunca entendi como Bruno podia ser um menino tão gentil enquanto seu pai era bruto e agressivo.
Ele me falou sobre a avó, mãe de seu pai, que apresentava peças de teatro com ele e sua irmã, Gretel acho, todos os natais. Sobre Gretel que tinha três amigas que o importunavam, e de sua obsessão por arrumar suas bonecas nas prateleiras. Sobre Pavel, seu servente, que era “assim como você”. Sobre como ele o ajudou quando caiu do balanço. Sobre sua empregada Maria e sobre seus amigos, Karl, Martin e Daniel, que ele considerava seus melhores amigos para a vida toda. Sobre as bancas de legumes e frutas que ficavam pelas ruas e sobre as pessoas que conversavam e riam. Sobre os cinco andares de sua antiga casa, e não três como a atual, e que ele escorregava pelo corrimão.
Contei sobre mim também. Sobre a minha casa, onde morava com minha mãe, meu pai e meu irmão, Josef, em cima da loja onde meu pai fazia seus relógios e consertava outros. Sobre a minha mãe, que era professora, e sabia falar italiano, inglês, polonês, alemão e até francês. Sobre como cheguei ali, quando fomos enfurnados em onze pessoas, dentro de um único quatro. Sobre o trem e sobre o campo. A melhor coisa nas visitas de Bruno, além de sua companhia é claro, é que ele sempre trazia comida. Não era muito, mas era melhor do que nada, com certeza melhor do que a comida que eu recebia. Certa vez, fui à casa de Bruno. Foi o tenente Khotler quem me levou lá dizendo que tinha um trabalho para mim. Eu deveria lustrar as taças que seriam usadas no jantar de aniversário de seu pai. Naquele dia Bruno me deu um pouco de galinha. Ele queria mostrar seu quarto, mas eu não ousaria sair daquela cadeira. Quando o tenente nos viu conversando, ele negou que me conhecia, e tivemos uma “conversa” sobre roubo pouco depois. Fiquei uma semana sem vê-lo, mas depois voltamos a nos falar.
Meu avô e meu pai sumiram. Nunca mais vi os dois. Passei dias procurando por eles. Certa vez conheci um menino chamado Giosué, que veio para cá com o pai e a mãe. Ele tinha mais ou menos a mesma idade que eu e Bruno tínhamos. Ele não era da Polônia como eu e nem de Berlim como Bruno, e sim da Itália. Disse que sua mãe ficara em casa e que eles foram trazidos por soldados assim como eu. Que não gostava de banho e às vezes passava os dias escondido no beliche de seu quarto. Acho que ele era meio maluco porque falava sobre um jogo, do qual estava participando, e que no fim, quando marcasse mil pontos, levaria um tanque de verdade para casa. Não comentei sobre ele com Bruno.
Então um ano depois ele me disse que iria embora. Voltaria para Berlim com sua mãe e Gretel. Ele foi para lá meses antes, quando sua avó morreu. Queríamos nos despedir e ele teve uma ideia. Combinamos que no dia seguinte ele viria até nosso local de encontro, pegaria comigo roupas listradas iguais as minhas e entraria por debaixo da cerca. Assim fizemos. Senti vontade de abraça-lo e agradecer por tudo que fizera, mas não o fiz. Procuramos por meu pai durante uma hora e meia e então começou a chover. Chovia muito forte e ele queria voltar para casa. Concordei, mas quando tentamos ir em direção à cerca fomos barrados por uma multidão que marchava ao comando de soldados. Ficamos exprimidos no meio daquele monte de gente até nos depararmos com uma escadaria. Subimos e fomos parar numa grande sala. Aquilo não parecia bom, pois eu me lembrava que quando as pessoas entravam ali, eu nunca mais as via sair. As luzes se apagaram e as portas foram trancadas. Senti medo, terror. Todos respiraram fundo. Fechei os olhos, ia começar a chorar. Bruno apertou minha mão e disse que eu era seu melhor amigo. Quando eu ia responder aconteceu uma coisa:
Um berro foi ouvido do lado de fora. Era um homem. Eu conhecia aquela voz. Ao ouvi-la Bruno sobressaltou-se. “Pai!”, ele começou a gritar, “Pai! Me tira daqui!”. O homem começou a esmurrar a porta e deu um comando a um soldado para que a abrisse. Ele berrava “Bruno! Meu filho, você está ai?”. Bruno começou a empurrar as pessoas a sua frente, tentando sair. Em momento algum ele soltou minha mão. Continuamos empurrando e cotovelando até ver a luz que vinha de fora da sala. Parado na frente do portão entre aberto estava o comandante, pai de Bruno. Ao vê-lo ele soltou minha mão e correu até o pai, que o abraçou. Ambos começaram chorar. Então senti que alguém me puxava. Era um soldado me forçando a entrar. Me agarrei ao portão e comecei a berrar. “Bruno!”, gritei. Ele se virou e seu pai ficou sério. Deu um comando que fez com que me soltassem. Bruno correu até mim e inesperadamente me abraçou. Também o abracei. Comecei a chorar. Seu pai nos olhava atordoado, não, horrorizado. Bruno me soltou e seguiu o pai até um local coberto. Sem fazer perguntas os segui.
Chegando numa outra sala o comandante começou a gritar. Berrou e bronqueou o filho até cansar. Depois o abraçou novamente esquecendo que eu estava ali. Quando notou mina presença soltou o filho. E perguntou como eu sabia seu nome, e pra primeiro e conversa, como fora parar ali. E Bruno contou. Permaneci mudo. Então ele disse: “Entenda Bruno: vocês jamais deveriam ter se conhecido, você nunca deveria ter entrado aqui!”. Bruno disse que entendia. Então o comandante me olhou. Baixei a cabeça. Ele foi até um soldado e deu a ele algumas instruções. Veio até mim e disse para que não me preocupasse. Então chamou seu filho, dizendo que deveriam sair dali imediatamente. Antes de ir Bruno parou na minha frente. Me abraçou e repetiu: “Você é meu melhor amigo, da vida toda.” “Para mim também”, eu disse. Então ele foi embora.
Continuei ali no campo durante vários meses, até que em meio ao completo caos, chegaram os norte americanos. Eles libertaram os prisioneiros que tinham sobrevivido ao campo e nos mandou para casa. De todos os milhares de judeus que foram para lá comigo nem metade chegou a sair. Soube que Giosué também saíra do campo, mas apenas com sua mãe. E quanto a Bruno, ao completar vinte anos resolvi que iria procurá-lo. Não sei bem meus motivos, mas creio que foi pelo fato de ele ser meu único amigo. E não foi difícil: numa biblioteca de Berlim encontrei uma manchete, num jornal antigo que falava sobre meu amigo. Bruno estava num trem voltando para sua cidade quando foi detido por soldados americanos. Eles mataram os nazistas que ali estavam além de civis que os acompanhavam. E Bruno foi um deles. Fiz uma lápide simbólica em sua homenagem e nela estava escrito: "Bruno, meu melhor amigo pra vida toda".

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Biograifa - Galileu Galilei

Esse blog não é dedicado apenas à falar de histórias fictícias, mas também de personagens importantes da vida real. Por isso aqui vou postar pequenas biografias, e começo falando um pouco sobre Galileu Galilei.
 
Galileu Galilei, físico, astrônomo, matemático e filósofo italiano, nasceu na cidade de Pisa, na Itália, Europa, no dia 15 de fevereiro de 1564. Era filho do matemático Vincenzo Galilei e de Giulia Ammannati. Na adolescência ele estudou física e escreveu um tratado sobre a gravidade específica dos corpos sólidos. Suas obras na juventude foram sobre Dante e Tasso.
Em 1.574, é enviado ao Monastério de Santa Maria de Vallombrosa, quando sua família se mudou para a Florença. Em 1.581, seu pai queria que ele estudasse medicina na Universidade de Pisa, enquanto seu professor Orazio Morandi o estimulava a seguir nas artes. Em 1585, porém, Galileu abandona o curso de medicina depois de quatro anos cursando, e vai para a área da matemática e física, como sempre desejou. Foi grande percursor no estudo dos movimentos, como a mecânica e cinemática, produzindo livros e obras sobre esse assunto. Em 1586, inventou uma balança hidrostática para análise dos metais a partir do seu peso, o que constituía a aplicação da teoria de Arquimedes. Formulou métodos simples para determinar o centro da gravidade dos sólidos. Em 1588, aos 25 anos de idade, tornou-se professor de matemática da Universidade de Pisa e em 1592 tornou-se professor na Universidade de Pádua, onde permaneceu até aos 43 anos.
A primeira vez que contribuiu para a ciência foi no Duomo de Pisa, observando o grande candelabro dependurado no teto da catedral de Pisa. Usando as batidas de seu próprio coração para medir o tempo, ele percebeu que o movimento do candelabro se completava sempre no mesmo período, não importando a amplitude da oscilação. Com base nisso ele formulou a lei do isocronismo do pêndulo, depois desenhou um modelo do relógio, que só foi construído pela primeira vez pelo holandês Christiaan Huygens (1629-1695).
Em 1.589, escreveu um texto sobre movimento, no qual criticava os pontos de vista de Aristóteles a respeito da queda livre e do movimento dos projéteis. Em 1590, publicou esses textos nos quais relatava suas pesquisas sobre plano inclinado, e onde se opõe à teoria aristetóica A física de Aristóteles, não utilizava de experimentos, e afirmava que “quanto mais pesado é um corpo, maior a velocidade com que cai”. No entanto através da experimentação, Galileu pode observar que isso não era verdade..
A famosa torre inclinada de Pisa foi o palco desse experimento. De cima da torre, Galileu deixou cair da mesma altura duas esferas iguais em volume, mas de peso diferente, uma de metal e outra de madeira. Ambas tocaram o solo no mesmo instante. Em seu livro, "Saggiatore" ("Experimentador") combateu a física aristotélica e argumentou que a matemática deveria ser o fundamento das ciências exatas.
Em 1.592, passou a ocupar uma cátedra de matemáticas em Pádua, onde iniciou um período de invenções em sua vida científica, tornando-se professor na Universidade de Pádua. Em 1593, Galileu inventou uma bomba d’água. Em 1597 elaborou um compasso geométrico e militar e em 1606, construiu um termômetro. 
Em julho de 1.609, visitou Veneza e teve notícias de que foi inventado um objeto que permitia a visão do espaço, uma luneta, cuja patente foi exigida pelo holandês Hans Lippershey (1570-1619) em 1608. Então Galileu construiu sua própria luneta e a aperfeiçoou, melhorando sua capacidade de aumento para 20 vezes, entre outras coisas. Assim, fez as primeiras observações da lua e fez desenhos e anotações sobre sua superfície irregular com montes e crateras; além de estudar as constelações Plêiades, Órion, Câncer e a Via Láctea, descobriu as montanhas lunares, as manchas solares, o planeta Saturno, os satélites de Júpiter (Io, Europa, Ganimedes e Calisto) e  também observou as fases de Vênus, que mudavam como a lua o que indicava que Vênus se movia; fenômeno que seria impossível de acontecer se a teoria do geocentrismo estivesse certa.
 Assim, Galileu publicou suas descobertas em 1610 num pequeno texto chamado “Siderus Nutiuns” (O Mensageiro Sideral, ou O mensageiro das Estrelas). Estes escritos ficaram famosos e lhe valeram uma cátedra honorária em Pisa.
Em 1614, estudou métodos para determinar o peso do ar, descobrindo que pesa pouco, mas não zero como se pensava até então. Antes porém, em 1.611, viajou para Roma, no ano seguinte teve seus estudos referentes às manchas solares publicados. Ali defendeu a teoria Heliocêntrica (o Sol no centro do Universo) de Nicolau Copérnico, e lutou contra os dogmas e superstições que travavam o progresso da ciência há séculos. Isto gerou a Galileu problemas com a igreja, que, no ano de 1.616, decretou que as ideias de Copérnico eram falsas. Ele foi convocado a Roma para expor os seus novos argumentos. Teve assim a oportunidade de defender as suas ideias perante o Tribunal do Santo Ofício, que decidiu não haver provas suficientes para concluir que a Terra se movia e que por isso o Papa obrigou Galileu a renegar suas afirmações e o proibiu de ensinar suas ideias.
Em 1.632, publicou o livro “Dialogo Sopra i Due Massimi Sistemi del Mondo”, (Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo – o ptolomaico e o copernicano) onde produzia uma conversa entre três personagens: Salviati, Sagredo e Simplicius. A partir de suas descobertas astronômicas, nessa obra defendeu a tese de Copérnico de que a Terra não ficava no centro do Universo, e sim o Sol, em volta do qual os outros planetas orbitavam. Este livro foi incluído no Index (lista de livros proibidos pela igreja), pois essa teoria era contrária ao dogma da Igreja. Ele foi perseguido, processado duas e vezes e apesar de ser católico fiel, Galileu é obrigado a novamente negar suas ideias. Então ele é banido para uma vila de Arcetri, onde viveu em um regime semelhante à prisão domiciliar.
Em 1638, estando ele quase cego, publicou sua importante obra “Discorsi e Dimostrazioni Matematiche Intorno a Due Nuove Scienze”, (Discursos e demonstrações matemáticas sobre duas novas ciências).
Galileu morreu no dia 8 de janeiro de 1.642, em Arcetri, perto de Florença, com cerca de 78 anos. Estava completamente cego por observar as manchas solares sem uma proteção nos olhos. À respeito de sua família sabe-se que Galileu nunca se casou. Porém, ele teve um relacionamento com Marina Gamba, uma mulher que ele conheceu em uma de suas muitas viagens a Veneza. Marina morou na casa de Galileu em Pádua, onde deu à luz três crianças. Suas duas filhas, Virgínia e Lívia, foram colocadas em conventos onde se tornaram, respectivamente, irmã Maria Celeste e irmã Arcângela. Em 1610, Galileu mudou-se de Pádua para Florença onde ele assumiu uma posição na corte dos Médici. Ele deixou seu filho, Vincenzo, com Marina Gamba em Pádua. Em 1613, Marina casou-se com Giovanni Bartoluzzi, e Vincenzo foi viver junto com seu pai em Florença.
Trezentos e cinquenta anos mais tarde – em 31 de outubro de 1992 –, suas teorias foram reconhecidas formalmente pelo papa João Paulo II. E Em 1992, mais de três séculos após a morte de Galileu, a Igreja reviu o processo da Inquisição e decidiu pela sua absolvição.
 

Meu gênero favorito :3

Meu gosto literário na maioria das vezes é bastante versátil. Gosto de ler desde livros de suspense, à romances, de dramas à ação, e assim por diante. Mas tenho um gosto inexplicável por tragédias e guerra. Isso não faz de mim maluca - espero - é apenas o estilo que eu curto. Nada de amor previsível, que do começo ao fim você já sabe que no final eles vão ficar juntos. Gosto daqueles livros que te fazem criar expectativa e interagir com os personagens, e quando têm um final feliz, é cercado de reviravoltas. Fazem você se envolver com a história e ficar triste quando ela acaba, sentir saudade depois de ter terminado de lê-lo; rir com as cenas engraçadas, gritar com os personagens quando fazem uma burrice e ficar feliz quando eles conseguem o que querem. Tenho um amor que não sei da onde vem por livros:

  • De Segunda Guerra Mundial. Não me pergunte por que. Só sei que quando vejo nos sites ou livrarias histórias que se passam na guerra, não consigo não comprar. Acho que é por saber que tudo aquilo foi real e gosto de ver essas várias versões, o ponto de vista de vários personagens em um mesmo período. Dois irmãos, uma guerra; A menina que roubava livros; A bibliotecária de Auschwitz; O menino da lista de Schindler; O menino do pijama listrado e O homem que venceu Auschwitz, são os temáticos de Segunda Guerra que preenchem minha estante. 

  • Livros de drama ou romance, mas não aqueles agua com açúcar; e sim aqueles que me fazem chorar ou rir. O caçador de pipas,  Mar da Tranquilidade, Deixe a neve cair (sério eu ri muito com isso) e alguns outros entram na minha lista.

  • Livros de aventura, com elementos fantásticos, viagens, e adrenalina. Acho que nesse quadro posso encaixar A maldição do Tigre (que despertou minha paixão pela Índia e toda aquela região) e o Garoto no Convés, que mesmo sendo também um drama, tem sim muita ação quando narra as partes em que eles estão no navio. Sobre esse último, me apaixonei pelo personagem principal e amei o livro pois adoro navios :3
Adoro quando estou lendo uma história e do nada eles fazem referência a algum outo livro, do mesmo autor ou de outro. Tenho mania de ficar decorando trechos, diálogos ou passagens inteiras, e quando gosto muito de uma parte, eu a enceno. Isso ai. Eu paro de ler e começo a monologar, interpretando a cena que acabei de ler. Eu amo fazer isso ahahaha. E indiscutivelmente quando eu me envolvo mesmo com um livro e termino de ler, fico semanas pensando na história. O caçador de pipas foi meu primeiro vício. Eu nunca tinha lido livro de drama antes, e aquele foi o primeiro que me fez chorar :D Tenho o livro, dvd, gibi, quadro, desenhos... Enfim, um bom livro é aquele que te faz entrar na história, e posso dizer que entrei em vários.

Trovadorismo - o contexto de Tristão e Isolda

A história da última resenha se passa no contexto do Trovadorismo. O que é? Como se define e se divide? Muito bem, nessa postagem vou falar um pouco das características desse gênero literário.


Trovadorismo é o primeiro período da literatura portuguesa. Conjunto das manifestações literárias contemporâneas à primeira dinastia portuguesa. Nos remete à poesia lírica contada pelos trovadores, os poetas da época, que cantavam e contavam oralmente suas cantigas. Se dá entre a Idade Média Clássica e a Baixa Idade Média. Época em que o feudalismo (sistema de feudos) estava em declínio, mas se refletia na literatura. A corte dos reis e dos senhores feudais eram os alvos dos poetas da época. Eles reconquistaram o território tomado pelos árabes e a nobreza conserva o espirito guerreiro, se interessando pelas novelas de cavalaria. A religião e a crença no teocentrismo se refletem nessas novelas e nas poesias temáticas.

Poesia no Trovadorismo:

Nossa concepção de poesia é algo escrito, destinado a ser lido de maneira solitária e silenciosa. Já para os trovadores era diferente. Era uma poesia cantada, de onde vem o nome de cantiga, dado as poesias da época; acompanhada por um coro e instrumentos musicais, e um público de diversos ouvintes. Os temas principais eram a corte e sofrimento amoroso, e havia repetição de palavras, versos e estrofes inteiras, ajudando a dar ritmo e serem memorizadas. Três volumes chamados cancioneiros, contêm 1680 cantigas que foram escritas, no fim do século dezoito. Os trovadores eram os autores das cantigas, e cantavam para reis e nobres sem remuneração (pagamento) em troca de seu trabalho.  Eram em geral nobres e cultos, e suas cantigas eram interpretadas por um menestrel ou jogral. As cantigas se classificam nos gêneros: lírico e satírico, cujas subdivisões são de amigo e amor, de escárnio e maldizer.

As cantigas do gênero lírico são aquelas que possuem lirismo, isso é, falam sobre sentimentos, sobre o que se passa com o eu lírico. São as de amigo e de amor.

Cantigas de amigo: Voz lírica feminina, narradas por mulheres. A narradora, não é autora, pois os autores eram sempre homens, mas o eu lírico é feminino. Reflete a vida no campo e na cidade, suas diferenças e problemas. O namorado é chamado de amigo (dai cantigas de amigo, na verdade o “amigo” é um amante ou namorado, mas não se diz explicitamente). A trama se desenvolve em fatos comuns da vida cotidiana, no qual a narradora sofre por um amor realizado ou esperado. Os textos são simples, e possuem paralelismo (estrutura repetitiva) e refrãos. Sua origem é popular e própria da Península Ibérica.

Cantigas de amor: Voz lírica masculina, sempre narrada por homens. Reflete a vida nos palácios, por pessoas cultas e nobres, num estilo aristocrático. Há as convenções do amor cortês (as formas do amor platônico), que se dividem em idealização (onde eles louvam a mulher perfeita); a vassalagem amorosa (um amor impossível entre o vassalo o sua senhora, hierarquia presente no feudalismo, época em que se narram as cantigas); e a coita (o sofrimento causado por amor incorrespondido, platônico; quase o único tema das cantigas de amor). As cantigas de amor se originam na Provença, região sul da França, onde se irradiou a poesia trovadoresca.

As cantigas de gênero satírico são as que fazem críticas, ou seja, sátiras, de forma direta e indireta. São as de escárnio e de maldizer.

Cantiga de escárnio: Possuem linguagem simples e indireta. O trovador usa essas cantigas para fazer uma estatística irônica (com duplos sentidos) de algo ou alguém em particular; escreve uma crítica indireta a alguém usando trocadilhos e ambiguidades, para que o remetente não perceba.

Cantiga de maldizer: São criticas diretas do trovador, que possuem xingamentos e nas quais se menciona o nome da pessoa a quem se dirige. Não possuem duplos sentidos, porque sua intenção é que o remetente capte a mensagem direcionada a ele. Uso de agressão verbal, para atingir a pessoa.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Tristão & Isolda

Tristão, um dos personagens centrais da trama, recebeu esse nome de sua mãe que morreu no parto, a rainha Brancaflor, da qual descende diretamente ao trono da Cornualha. Seu pai, o rei Rivalen, foi morto em emboscada pelo traidor duque Morgan, dias antes de seu nascimento, e do qual descende ao trono de Lyonesse. Mas o legítimo príncipe mora com o servo Rohalt, que o adotou como filho para protegê-lo de Morgan, e aprendiz do mestre de armas Gorvenal. Escondendo sua identidade, após ser posto para fora de um navio norueguês, Tristão chega com Gorvenal à Tintagel, onde fica o trono da Cornualha, e onde vive seu tio, o rei Mark da Cornualha, que nem suspeita ter um sobrinho. Lá segredos são revelados, lutas são travadas e começam suas aventuras.
 

Isolda, a Loura, é uma belíssima descendente das fadas, filha do rei Gurmun da Irlanda, e cuja mãe é a temida feiticeira, também chamada Isolda. Seu tio, Marhaus, é o terrível gigante que vai costumeiramente à Cornualha cobrar impostos aos irlandeses. Brangien, sua serva e melhor amiga, também é sua prima bastarda, fruto de um relacionamento proibido de seus antepassados, e que vive com a mãe Fiona e seus irmãos no vilarejo de Weisefort. Apesar de sua beleza, sua felicidade não é garantida: e cobiçada por diversos homens e sonha com um grande amor.
 

De alguma forma, as forças do destino são capazes de unir Tristão e Isolda, quando essa o encontra à deriva pelos mares da Irlanda, depois de um mortal combate contra Marhaus. Passando-se por menestrel, Tristão, denominando-se Tam, começa uma relação com Isolda, que fica encantada não só por seu porte de guerreiro, como com sua habilidade ao tocar a harpa que pertencera à Brancaflor. Tristão tem a oportunidade de provar sua bravura nas terras inimigas, defendendo a vida da jovem que agora amava, ao lutar contra um dragão vermelho que atormentava o povo dali. E assim Isolda descobre que Tam é na verdade o bravo Tristão de Lyonesse. Após acordos e descobertas, Isolda e Tristão partem para a Cornualha onde muitos desafios ainda lhes seriam impostos. Muita tensão, problemas e revelações ainda aguardam esses dois corações apaixonados, que a vida insiste em separar. Traições, farsas, bondade, promessas, perseguições, beijos proibidos, venenos, emboscadas e verdades, são elementos que rodeiam essa narrativa que se passa na época das cantigas de amor, cantadas pelos trovadores; cujo final emociona. Tendo como palco na maior parte do tempo a Bretanha Maior (hoje a Inglaterra), figuras místicas como as fadas, e presenças ilustres como a do grade rei Arthur Pendragon; a adaptação de Helena Gomes para Tristão e Isolda, é uma história que mostra o quanto o amor pode ser lindo - e devastador.

Gostei muito do livro. A professora que o recomendou disse ser bem chato, mas minha opinião é completamente oposta. Não só pelo romance, mas pela narração leve e interativa, e pelas aventuras dos personagens - ambos inteligentes e de personalidades marcantes - que acabam por "selar seus destinos".